Dilma retoma fala de “estocar vento” e diz que estava certa
Durante a 10ª reunião anual do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), realizada neste sábado (6) no Rio de Janeiro, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) defendeu sua polêmica declaração de 2015 sobre a possibilidade de “estocar vento”. Agora como presidente do NDB, instituição financeira ligada aos países do BRICS, Dilma afirmou que foi injustamente ridicularizada e que o tema do armazenamento de energia renovável tornou-se central no debate energético global.
“Na época, muitos da imprensa acharam que era ignorância, mas hoje é uma das principais áreas do setor de energia”, declarou. Segundo ela, com o avanço das energias solar e eólica — ambas intermitentes por natureza —, a capacidade de armazenar energia é essencial para manter a estabilidade do sistema elétrico.
A ex-presidente usou exemplos recentes de apagões na Espanha e em Portugal para reforçar seu argumento. “É uma das áreas mais importantes para resolver problemas como o que ocorreu na Europa”, disse, referindo-se às falhas causadas pela oscilação na geração de energia renovável. Dilma também destacou a importância dos grids, estruturas que armazenam e distribuem energia de forma equilibrada, garantindo o fornecimento contínuo.
A fala de 2015, que virou meme e piada recorrente nas redes sociais, foi reinterpretada no discurso como uma antecipação de discussões que hoje ganham relevância técnica e política. Ainda assim, a tentativa de reposicionar a fala como visionária ocorre num contexto em que o Brasil enfrenta desafios energéticos e pressões sobre a matriz elétrica.
Para analistas mais críticos à esquerda, como os do O Farol Diário, a declaração serve como exemplo de como líderes políticos frequentemente se apoiam na evolução tecnológica para justificar falas mal formuladas. No entanto, é inegável que o armazenamento de energia está no centro do debate sobre sustentabilidade e segurança energética.