Brasília, DF – A crise comercial entre Brasil e Estados Unidos ganhou contornos políticos internos nesta sexta-feira (11), quando o Partido Liberal (PL), liderado por Jair Bolsonaro, atribuiu ao presidente Lula (PT) a responsabilidade direta pela tarifa de 50% imposta por Donald Trump sobre produtos brasileiros. A medida, que entrará em vigor no próximo dia 1º de agosto, foi classificada pelo PL como um reflexo do “caos político” promovido pelo atual governo.
“Lula sentenciou o país ao caos na política e no mercado. É o tipo de força que só puxa para baixo”, declarou a sigla nas redes sociais. Para o partido, a instabilidade institucional e o tratamento dado ao ex-presidente Bolsonaro no Judiciário contribuíram para a decisão de Trump, que se apresenta como pré-candidato republicano à Casa Branca.
A resposta do Planalto foi rápida, embora mais voltada ao marketing político do que ao debate técnico. O governo federal lançou uma campanha em defesa da soberania nacional, com peças publicitárias, animações em inteligência artificial e frases de efeito como “Brasil se escreve com S de Soberania”. Nas redes sociais do PT, também circularam críticas à oposição, como: “Lula quer taxar os super-ricos; Bolsonaro quer taxar o Brasil”.
A nova tarifa impacta diretamente cerca de 12% das exportações brasileiras, encarecendo produtos e dificultando sua competitividade no mercado norte-americano. Trump justificou a medida alegando “tratamento injusto” ao Brasil e citou, inclusive, o julgamento de Bolsonaro no STF como sinal de perseguição política — um argumento incomum para basear política comercial, mas que acendeu alertas sobre a influência do cenário interno brasileiro nas relações internacionais.
Lula respondeu com um discurso institucional, dizendo que o Brasil tem “instituições independentes” e não aceitará ser “tutelado por ninguém”. No entanto, a oposição vê nessa reação mais uma tentativa de disfarçar os efeitos negativos que, segundo ela, são fruto direto da condução política do governo petista.