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Gonet fala em “sofisticação tática” e guerrilha no 8 de janeiro

rocurador-Geral da República cita presença de militares treinados e critica omissão de aliados de Bolsonaro; Moraes condena réus por uso de estilingues e bolinhas de gude

PGR diz que 8 de janeiro teve ação coordenada e “kids pretos” com tática militar
No encerramento da ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado atribuída a apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, o Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, afirmou nesta semana que houve “sofisticação tática” e uso de estratégias típicas de guerrilha durante os atos de 8 de janeiro de 2023. A declaração foi feita nas alegações finais apresentadas ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo Gonet, depoimentos colhidos, incluindo os do tenente-coronel Mauro Cid, indicam a atuação de militares altamente treinados, conhecidos como “kids pretos”, infiltrados nos acampamentos que antecederam a invasão das sedes dos Três Poderes. Esses agentes, conforme o PGR, teriam contribuído para o uso estratégico de objetos comuns, como grades de proteção transformadas em escadas e mangueiras de incêndio acionadas contra a polícia, o que demonstraria conhecimento prévio de combate urbano.

Ainda nas alegações, Gonet acusou figuras do governo do Distrito Federal de omissão deliberada. Foram citados Anderson Torres, Fernando Oliveira e Marília de Alencar, que teriam deixado de agir para impedir o que chamou de “cenário de destruição”, favorecendo os atos em apoio a Bolsonaro. Segundo o procurador, as omissões “contribuíram para a concretização de uma tentativa de golpe”.

Já no STF, o ministro Alexandre de Moraes reforçou a linha dura ao julgar 14 réus pelos atos. Em outubro, dois deles foram condenados a 12 anos de prisão por crimes como tentativa de golpe e associação criminosa armada. Moraes argumentou que, mesmo com armamentos improvisados como estilingues, bolinhas de gude e pedaços de pau, os réus agiram com o objetivo de derrubar o governo e contestar o resultado eleitoral.

As decisões da cúpula do Judiciário e da Procuradoria, no entanto, levantam questionamentos sobre a criminalização de protestos populares e o uso expansivo de figuras penais como “abolição do Estado democrático”. Críticos apontam que, sob o pretexto de proteger a democracia, pode estar se abrindo espaço para abusos de poder e cerceamento de liberdades — um debate que seguirá no centro das atenções políticas e jurídicas do país.

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