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Pressão geopolítica afasta Embraer de contrato bilionário com companhia aérea da Polônia

Analistas veem influência ideológica e tensões diplomáticas na escolha da LOT Polish Airlines, que optou por aviões europeus e aposentará gradualmente frota da Embraer

A Embraer ficou de fora de um dos maiores contratos do setor aéreo em 2025, em meio a um cenário de pressões políticas e decisões diplomáticas que vão além da concorrência técnica. A estatal polonesa LOT Polish Airlines anunciou, na quarta-feira (16), a aquisição de 40 jatos A220 da Airbus, com opção de ampliar o pedido para até 84 unidades. Avaliado em US$ 2,7 bilhões, o acordo foi celebrado em evento oficial que contou com a presença de representantes da França, da Polônia e do Canadá.

Historicamente parceira da Embraer, a LOT abandonará aos poucos a frota de jatos brasileiros. Em nota, a Embraer reagiu com críticas, citando que “a geopolítica desempenha um papel importante” e que manter os aviões da empresa poderia gerar economia milionária à companhia aérea polonesa. Analistas ouvidos pela imprensa internacional concordam: o fator técnico foi deixado em segundo plano.

A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Moscou, para as celebrações do 80º aniversário do fim da Segunda Guerra, foi apontada como um dos elementos que podem ter prejudicado a Embraer. A presença do chefe de Estado brasileiro ao lado de Vladimir Putin, em meio ao conflito com a Ucrânia, irritou países do Leste Europeu, como a Polônia, que mantêm uma posição firme contra o regime russo.

Nick Cunningham, da Agency Partners, afirmou que “a concorrência tornou-se muito mais política” do que técnica. A Airbus, sendo europeia e apoiada pelos governos presentes no acordo, teria se beneficiado do momento diplomático para fortalecer suas relações com Varsóvia e Paris, que recentemente tentavam superar impasses bilaterais.

A decisão revela como a atuação externa do governo brasileiro pode afetar diretamente a indústria nacional, mesmo em setores tradicionalmente valorizados, como o aeroespacial. Para O Farol Diário, o caso expõe o custo real de alianças geopolíticas questionáveis, especialmente quando líderes optam por agendas ideológicas que colidem com os interesses econômicos do país.

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