A busca por regimes tributários mais favoráveis tem levado um número crescente de brasileiros a transferirem seu domicílio fiscal para países vizinhos. Segundo dados da Receita Federal obtidos pela Revista Oeste via Lei de Acesso à Informação, o número de brasileiros que migraram fiscalmente para o Uruguai aumentou em 381% entre 2022 e 2024. Já a Argentina também entrou no radar dos contribuintes após a vitória do liberal Javier Milei.
Em 2022, apenas 21 brasileiros haviam oficializado residência fiscal no Uruguai. Em 2024, esse número saltou para 101. Embora os números absolutos sejam modestos, o impacto financeiro é relevante, considerando que é necessário um investimento mínimo de US$ 2,1 milhões (cerca de R$ 12 milhões) para acessar os benefícios fiscais locais.
Entre as principais vantagens do Uruguai estão a chamada “Tax Holiday”, que garante isenção de impostos sobre rendas estrangeiras por 11 anos, e a ausência de tributos sobre heranças ou doações. Mesmo após o período de isenção, as taxas uruguaias — 12% sobre ganhos de capital e 7% de Imposto de Renda para Indivíduos — continuam mais atrativas do que as brasileiras, que chegam a 15% e 27,5%, respectivamente.
A Argentina, por sua vez, também observou um aumento de 260% no número de brasileiros que transferiram sua residência fiscal, subindo de 25 para 90 em apenas um ano. Esse movimento coincidiu com a eleição de Javier Milei, cuja proposta liberal tem atraído investidores e profissionais em busca de um ambiente econômico menos hostil à geração de riqueza.
O Farol Diário acompanha de perto esse êxodo fiscal silencioso, que revela uma tendência preocupante: a alta carga tributária brasileira está não apenas desestimulando o investimento interno, como também empurrando cidadãos de alto poder aquisitivo para fora do país.