A crise institucional brasileira ganhou contornos internacionais nesta quinta-feira (24), quando o subsecretário de Diplomacia Pública dos Estados Unidos, Darren Beattie, afirmou que o ministro Alexandre de Moraes é o “coração pulsante” de um processo de “perseguição” e “censura” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. A declaração foi feita em sua conta oficial no X (antigo Twitter), e veio acompanhada de uma promessa de que Washington está “tomando providências”.
Segundo Beattie, as ações dos EUA ocorrem sob orientação direta do ex-presidente Donald Trump e do atual secretário de Estado, Marco Rubio. Poucas horas depois da postagem, a própria embaixada americana em Brasília reforçou a legitimidade da fala ao republicar o comunicado, elevando o tom da crise diplomática entre os dois países.
O ponto alto da reação norte-americana foi o anúncio da revogação dos vistos de Alexandre de Moraes e outros sete ministros do Supremo Tribunal Federal. A medida, revelada também por Marco Rubio em seu perfil oficial, foi vista como uma resposta direta às ações judiciais contra Bolsonaro, que enfrenta restrições como tornozeleira eletrônica, toque de recolher e censura digital.
Apesar da pressão internacional, Moraes reafirmou nesta quinta-feira sua decisão de não decretar prisão preventiva do ex-presidente, mas advertiu que qualquer nova declaração pública poderá ser considerada descumprimento de medida judicial, especialmente se for interpretada como incitação ou ameaça à soberania nacional.
Em seu despacho, Moraes ainda acusou Bolsonaro e seu filho Eduardo de articularem interferência estrangeira para pressionar o Judiciário brasileiro, em alusão a suas conexões com políticos e influenciadores nos Estados Unidos. Segundo ele, a atuação coordenada nas redes sociais teve como objetivo “instigar chefe de Estado estrangeiro a interferir ilicitamente” no curso da Justiça brasileira.
O Farol Diário segue acompanhando os desdobramentos dessa inédita tensão diplomática, que revela não apenas o desgaste entre Judiciário e oposição, mas também a crescente internacionalização da crise política brasileira — em um cenário onde os EUA, agora sob uma liderança republicana, claramente abandonam a neutralidade.