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Cuba permite arrendamento de terras a estrangeiros pela primeira vez desde 1959

Parceria inédita busca aliviar crise alimentar e modernizar práticas de investimento estrangeiro na ilha.

Cuba anunciou nesta quarta-feira (8) um marco inédito desde a Revolução de 1959: o arrendamento de terras agrícolas a uma empresa vietnamita para o cultivo de arroz. O acordo, com duração inicial de três anos, envolve uma área de 3.000 hectares na província de Pinar del Río, mas poderá ser expandido, segundo o jornal estatal Granma. Essa é a primeira vez que terras cubanas são cedidas a estrangeiros após a expropriação dos antigos proprietários no início do regime socialista.

O cultivo de arroz é estratégico para Cuba, que consome cerca de 700.000 toneladas do grão por ano, mas depende principalmente de importações. A crise econômica dos últimos anos, agravada pela escassez de moeda forte, tem dificultado a aquisição de alimentos básicos, incluindo o arroz, que já foi amplamente produzido localmente. Em 2018, o país chegou a produzir 250.000 toneladas, mas os números despencaram mais de 80% desde então, segundo dados do Gabinete Nacional de Estatísticas.

Além do cultivo, o acordo traz outra novidade: a empresa vietnamita terá o direito de contratar diretamente os trabalhadores, uma prática que quebra o monopólio estatal de intermediação de mão de obra. Esse ponto é especialmente relevante para investidores estrangeiros, que frequentemente criticam o sistema cubano por elevar custos e dificultar a gestão da força de trabalho.

A iniciativa faz parte de um esforço mais amplo do governo cubano para atrair investimento estrangeiro em meio à crise econômica, intensificada pelas sanções dos Estados Unidos. Contudo, diplomatas e empresas relatam que a escassez de moeda no país dificulta a repatriação de lucros, tornando o ambiente de negócios na ilha pouco atrativo.

O primeiro-ministro Manuel Marrero prometeu reformas na lei de investimentos estrangeiros para 2025, incluindo mudanças nas práticas trabalhistas. Esse arrendamento pode ser um primeiro teste das novas políticas que buscam modernizar a economia cubana sem abandonar os princípios socialistas.

O Farol Diário continuará acompanhando os desdobramentos dessa parceria e seu impacto na economia cubana.

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