A Nicarágua, sob o comando autoritário de Daniel Ortega, implementou nesta sexta-feira (17) uma nova resolução que amplia o controle estatal sobre transações financeiras virtuais. A medida, divulgada pela Unidade de Análise Financeira (UAF), determina que qualquer operação acima de US$ 1 mil (cerca de R$ 6 mil) realizada em plataformas digitais será rigorosamente monitorada e poderá ser reportada ao Banco Central, caso considerada suspeita. A justificativa oficial é o combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento de atividades ilícitas.
O novo regulamento atinge diversos tipos de transações, incluindo criptomoedas, carteiras digitais e contratos inteligentes. As empresas do setor financeiro virtual são obrigadas a rastrear endereços IP, identificar remetentes e destinatários, e cancelar contratos com usuários envolvidos em operações consideradas irregulares. O não cumprimento dessas exigências pode levar à revogação de licenças de operação, consolidando o controle estatal sobre o setor financeiro.
Esse avanço no monitoramento financeiro ocorre em paralelo a uma retórica belicosa vinda da Venezuela. O presidente Nicolás Maduro declarou, no último sábado (11), que seu país está se preparando para “pegar em armas” ao lado de Cuba e da Nicarágua, caso julgue necessário defender sua soberania. A afirmação foi feita durante o Festival Mundial Antifascista, em Caracas, evento que contou com a presença de representantes do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Movimento Sem Terra (MST) do Brasil.
Maduro ressaltou a importância de uma mobilização que pode ser tanto pacífica quanto armada, caso o regime identifique ameaças externas ou internas. A declaração reforça a aliança entre regimes autoritários da América Latina e sinaliza uma postura cada vez mais radical contra pressões internacionais e movimentos de oposição.
Esses movimentos coordenados entre Nicarágua, Venezuela e Cuba preocupam pela combinação de repressão interna com discursos agressivos de enfrentamento. O endurecimento do controle sobre finanças digitais e a ameaça de mobilização armada apontam para um cenário de crescente cerceamento de liberdades individuais e reforço de regimes autoritários na região.
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