1180x152

‘Estamos putos da cara com a incompetência do governo’, diz Líder do MST e dá nota 3/10 para Lula

João Pedro Stédile, do MST, condena inoperância do governo federal, sugere demissões no Incra e avalia aumento das tensões no campo.

A Crítica de Stédile e a Crise da Reforma Agrária no Governo Lula

João Pedro Stédile, líder histórico do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), fez críticas contundentes à atuação do governo Lula em relação à reforma agrária. Em entrevista à Repórter Brasil, Stédile apontou que a lentidão do governo, somada à ineficácia de seus ministérios, pode desencadear uma nova onda de ocupações de terra pelas 90 mil famílias acampadas em condições precárias pelo país.

O dirigente do MST não poupou o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), afirmando que seu presidente, César Aldrighi, deveria renunciar caso não consiga destravar recursos para políticas públicas. Ele ainda classificou o governo Lula com nota 3, destacando a estagnação em desapropriações e a falta de soluções para conflitos agrários graves, como o caso das famílias acampadas em Parauapebas, no Pará.

Para Stédile, embora Lula tenha boas intenções, o governo está travado por disputas internas e falta de unidade. “É um governo encalacrado, fruto de uma frente ampla que derrotou o bolsonarismo, mas não consegue implementar políticas públicas estruturais”, afirmou. Ele citou também a ausência de investimentos em programas essenciais como o Pronera, que viabiliza acesso à educação superior para jovens camponeses.

Apesar das críticas severas, o MST defende avanços na agroecologia como solução para o campo. Stédile destacou a necessidade de maior apoio governamental para a produção de sementes orgânicas, fertilizantes e tecnologias acessíveis. Ele mencionou parcerias internacionais em busca de inovação e insistiu na criação de agroindústrias cooperativas como caminho para superar a pobreza entre agricultores familiares.

A frustração no movimento tem se refletido na base, que, segundo Stédile, age de forma autônoma. Ocupações e protestos locais, como o bloqueio de trilhos da Vale no Pará, têm sido liderados diretamente por famílias que não veem solução por parte do governo. “Se você tem 90 mil famílias acampadas e nenhum avanço, é natural que a base se mobilize”, afirmou.

Enquanto o boné vermelho do MST ganha popularidade nas cidades, o campo enfrenta uma realidade de estagnação e promessas não cumpridas. Stédile deixa o alerta: sem mudanças concretas, a pressão por reforma agrária continuará a crescer, levando as tensões no campo para um novo patamar.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *