Em um estudo recente, cientistas demonstraram que a evolução humana está em pleno curso nas altas montanhas do platô tibetano, onde as comunidades vêm adaptando-se aos baixos níveis de oxigênio. A pesquisa, realizada com mulheres tibetanas entre 46 e 86 anos que vivem em altitudes entre 3.657 e 4.267 metros, revelou que elas desenvolveram características que favorecem uma oxigenação eficiente sem sobrecarregar o coração. Este processo evolutivo permite que as tibetanas tenham mais filhos e, assim, garantam a transmissão de genes adaptativos às novas gerações.
A coleta de dados incluiu informações reprodutivas, medidas corporais, amostras de DNA e variáveis sociais. Os resultados, publicados na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, indicam que o sucesso reprodutivo das mulheres tibetanas está relacionado a um equilíbrio único no organismo, que distribui oxigênio com mais eficiência e impede o aumento da viscosidade do sangue, um problema comum em altitudes elevadas. Este mecanismo reduz o esforço cardíaco e amplia o fluxo sanguíneo, tornando-se um fator chave para o número de nascimentos bem-sucedidos.
Um gene, conhecido como EPAS1, parece ser essencial nesse processo adaptativo. Presente nas populações tibetanas, o gene regula uma proteína crucial para a oxigenação e teria origem nos hominídeos de Denisova, antigos habitantes da Sibéria cujos descendentes se estabeleceram no Tibete. As tibetanas que carregam essa variante genética mostram maior capacidade de sobrevivência e transmissão genética, ilustrando um raro caso de seleção natural em tempo real.
O estudo comprova que os fatores evolutivos vão além da genética, envolvendo uma adaptação ambiental que influencia diretamente a sobrevivência. Para O Farol Diário, que acompanha descobertas que desafiam o conhecimento científico, essa pesquisa lança luz sobre a capacidade humana de evoluir mesmo diante de condições adversas, revelando uma dimensão fascinante da seleção natural.
Fonte: https://www.pnas.org/doi/full/10.1073/pnas.2403309121