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Governo cria ‘Lulaflix’ e levanta suspeitas sobre gasto e viés ideológico de filmes nacionais

Projeto do Ministério da Cultura prevê R$ 4,2 milhões para plataforma estatal de streaming, enquanto áreas essenciais do país sofrem com cortes e falta de recursos.

Cultura financiada pelo Estado: incentivo ou aparelhamento?

O governo Lula (PT) anunciou a criação de um serviço estatal de streaming gratuito para exibir produções brasileiras financiadas com dinheiro público. Batizado informalmente nas redes sociais de “Lulaflix”, o projeto promete disponibilizar um catálogo inicial de 447 obras e deve ser lançado ainda em 2024, segundo o Ministério da Cultura (MinC). No entanto, a iniciativa, que contará com um investimento inicial de R$ 4,2 milhões, já desperta dúvidas sobre sua viabilidade, transparência e viés ideológico.

A proposta do governo é justificar a plataforma como uma forma de democratizar o acesso à cultura nacional, oferecendo gratuitamente obras que já receberam financiamento público. No entanto, críticos apontam que o Estado, ao deter o controle da curadoria, pode transformar o serviço em um instrumento de propaganda ideológica, priorizando apenas produções alinhadas ao pensamento progressista, enquanto conteúdos conservadores ou independentes ficariam de fora.

Prioridade questionável em meio a cortes

A decisão de criar um streaming estatal surge em um momento delicado para o país, onde setores essenciais como saúde, segurança e infraestrutura enfrentam cortes e escassez de recursos. Enquanto a população lida com superlotação em hospitais, aumento da violência e deficiências no transporte público, o governo decide investir milhões em um projeto que já encontra concorrência no setor privado, com plataformas como Netflix, Prime Video e Disney+ oferecendo amplo catálogo de produções nacionais.

O timing do anúncio também chama atenção. O sucesso do filme “Ainda Estou Aqui”, que retrata a ditadura militar sob uma ótica progressista e foi indicado ao Globo de Ouro e ao Oscar, parece ter impulsionado a ideia da plataforma. Para muitos, o governo vê na iniciativa uma forma de capitalizar a cultura como ferramenta política, algo que levanta ainda mais preocupações sobre a imparcialidade do projeto.

Falta de transparência e risco de viés ideológico

Outro ponto crítico é a ausência de transparência na curadoria dos conteúdos. O governo ainda não detalhou os critérios de seleção das obras, quais produções poderão ser incluídas e se haverá espaço para filmes e séries independentes que não passaram pelo circuito estatal de financiamento. Sem regras claras, a plataforma pode acabar se tornando um instrumento de doutrinação ideológica custeado pelo pagador de impostos, em vez de um verdadeiro incentivo à diversidade cultural brasileira.

Diante disso, cresce a pergunta: por que criar mais um gasto desnecessário para algo que já existe no setor privado? Para que a iniciativa não se torne apenas um projeto ideológico travestido de democratização cultural, será fundamental garantir transparência, pluralidade e respeito ao dinheiro público—três pilares que, até o momento, não estão assegurados no Streaming Brás.

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