O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira (B3), enfrenta um ano de perdas expressivas, com queda acumulada de 21,28% até 21 de novembro. O desempenho, considerado em dólares, é o pior desde 2015, quando o índice despencou 41,03%. Os dados da consultoria Elos Ayta destacam o impacto da valorização da moeda americana, que subiu 20,16% no período, afastando investidores estrangeiros.
De acordo com Einar Ribeiro, autor da análise, a valorização do dólar frente ao real compromete o retorno dos investimentos no Brasil. “O Ibovespa em reais já apresenta queda de 5,41% no ano, mas, quando convertido para dólares, o cenário se agrava, ampliando a percepção de risco para o investidor internacional”, explica. A relação histórica entre a alta do dólar e a queda do índice em dólares reforça a tendência de desaceleração do mercado de capitais brasileiro.
Setores específicos sentiram o impacto de forma mais acentuada. O setor de transporte aéreo lidera as perdas, com as ações da Azul despencando 74,74% em dólares. Em seguida, o setor educacional também se destacou negativamente: Cogna e Yduqs registraram quedas de 68,52% e 62,18%, respectivamente. Segundo Ribeiro, as dificuldades de recuperação pós-pandemia e a desconfiança dos investidores prejudicam o setor, que ainda tenta retomar o crescimento.
No varejo, o cenário não é diferente. Magazine Luiza sofreu uma retração de 64,56%, enquanto os setores alimentício e de serviços também foram severamente impactados. As ações do Carrefour e do Assaí caíram 57,82% e 57,31%, evidenciando a fragilidade do mercado interno e a baixa confiança do investidor.
Para o futuro, o panorama permanece incerto. A desvalorização do real frente ao dólar reforça o movimento de cautela entre investidores estrangeiros. “O humor desse investidor é crucial para a Bolsa brasileira. Sem sinais de estabilização cambial, será difícil atrair capital internacional em volume suficiente para reverter o quadro atual”, conclui Ribeiro.
No contexto dos mercados financeiros globais, a análise serve como alerta para a volatilidade brasileira, destacando os desafios que o país enfrenta para recuperar a competitividade de seus ativos. O Farol Diário seguirá acompanhando os desdobramentos dessa crise no mercado de capitais.