A escalada de investigações sobre venda de sentenças e corrupção colocou seis tribunais estaduais sob os holofotes em diferentes regiões do Brasil neste segundo semestre. As ações da Polícia Federal (PF) já levaram ao afastamento de 16 desembargadores, sete juízes — um deles preso — e quatro servidores do Superior Tribunal de Justiça (STJ). As apurações envolvem esquemas milionários que vão de disputas de terras a ações criminais ligadas ao narcotráfico internacional.
Os tribunais investigados incluem os dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, São Paulo, Espírito Santo e Maranhão. As investigações revelaram uma rede de corrupção que conecta advogados, lobistas e até magistrados em diferentes estados. Entre os crimes apurados estão lavagem de dinheiro, falsidade documental e exploração de prestígio. Em alguns casos, como no Tribunal de Mato Grosso, os esquemas são marcados por tragédias, incluindo o assassinato de um lobista.
Investigações Profundas e Conexões Suspeitas
A Operação Faroeste, iniciada em 2019 na Bahia, ainda rende desdobramentos e influencia apurações recentes, como as que ocorrem em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Em ambos os estados, advogados e empresários negociavam decisões judiciais, muitas vezes por meio de propinas pagas em barras de ouro ou transferências via PIX. Os inquéritos também sugerem que os esquemas tinham ramificações no STJ, onde quatro servidores estão sendo investigados.
No Maranhão, a Operação 18 Minutos destacou a agilidade incomum em liberar alvarás que desviaram milhões do Banco do Nordeste. Já no Espírito Santo, juízes são acusados de desviar dinheiro de contas de falecidos, totalizando mais de R$ 7 milhões em fraudes.
Reações Institucionais e Impactos
Enquanto as investigações avançam, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) buscam conter os danos à credibilidade do Judiciário. O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal, analisa pedidos para que parte das apurações seja centralizada na Corte, em uma tentativa de assegurar a imparcialidade e evitar nulidades processuais.
Apesar das negações enfáticas de envolvimento por parte dos magistrados investigados, os esquemas demonstram como o poder judiciário tem sido alvo de influência externa, com acusações que vão desde fraudes processuais até o enriquecimento ilícito por meio de bens como imóveis e carros de luxo.
A Dimensão da Crise
As ações da PF e do Ministério Público abrangem mais de 11 estados e o Distrito Federal, com diligências que incluem buscas e apreensões em dezenas de endereços. Além dos magistrados, são investigadas 86 pessoas, entre advogados, servidores públicos e até um governador. O impacto das denúncias transcende os tribunais e coloca em xeque a confiança da população no sistema judiciário.
O Farol Diário seguirá acompanhando o desenrolar dessas investigações, que prometem moldar o futuro da justiça brasileira e reforçar a necessidade de maior controle e transparência no poder Judiciário.