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Lula edita MP para indenizar famílias de crianças com microcefalia por Zika, mas veta pensão vitalícia

Decisão do governo Lula substitui proposta do Congresso que previa pensão vitalícia, gerando críticas da senadora Mara Gabrilli e incertezas sobre o futuro das famílias afetadas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) editou, nesta quinta-feira (9/1), uma medida provisória (MP) que garante indenização de R$ 60 mil em parcela única para famílias de crianças com microcefalia causada pelo vírus Zika. O benefício é destinado a crianças nascidas entre 1º de janeiro de 2015 e 31 de dezembro de 2024 e foi publicado no Diário Oficial da União (DOU). A medida substitui o projeto aprovado pelo Congresso Nacional, que previa uma pensão vitalícia para esses casos, mas que foi integralmente vetado pelo presidente Lula nesta semana.

De acordo com o governo federal, a MP busca aliviar os impactos da síndrome, oferecendo recursos financeiros às famílias que enfrentam desafios diários no cuidado com crianças afetadas pela microcefalia. O pagamento não será considerado como renda para fins de cálculo de benefícios sociais como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). No entanto, o pagamento do valor ainda depende de disponibilidade orçamentária e de regulamentações que serão definidas pelos Ministérios da Saúde, da Previdência Social e pelo INSS.

A proposta aprovada pelo Congresso previa uma indenização de R$ 50 mil, além de uma pensão vitalícia de R$ 7.786,02 mensais, equivalente ao teto do Regime Geral de Previdência Social (RGPS). A pensão seria corrigida pela inflação e isenta de imposto de renda. A proposta também incluía aumento de 60 dias na licença-maternidade e salário-maternidade, e mais 20 dias na licença-paternidade para os pais dessas crianças. Esses benefícios foram vetados por Lula, sob justificativa de impacto fiscal.

A decisão de Lula gerou críticas da senadora Mara Gabrilli (PSD-SP), autora da proposta vetada. Em entrevista à Agência Senado, ela declarou que tentará derrubar o veto. “É estarrecedor que, após dez anos de luta e espera, essas famílias sejam silenciadas com uma simples canetada do presidente Lula. Mais triste ainda é o fato de que essas famílias nem sequer foram ouvidas pelo governo”, afirmou a senadora.

A medida provisória terá validade até maio de 2025. Até lá, o Congresso precisará decidir se transforma a proposta em lei ou a rejeita, reacendendo o debate sobre a forma mais adequada de apoio a essas famílias.

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