O clima político esquentou após o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmar que o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) “contribuiu” com o crime organizado ao divulgar informações distorcidas sobre a fiscalização de transações via Pix. Segundo Teixeira, as críticas do parlamentar ajudaram o Primeiro Comando da Capital (PCC) ao espalhar desinformação que gerou pânico na sociedade. A acusação foi publicada nesta sexta-feira (17) nas redes sociais do ministro.
A polêmica começou após a Receita Federal revogar uma norma que ampliava a fiscalização de transferências via Pix acima de R$ 5 mil mensais para pessoas físicas e R$ 15 mil para empresas. A medida foi retirada depois da repercussão negativa de um vídeo de Nikolas Ferreira que viralizou nas redes sociais, criticando a proposta e alegando que o governo pretendia vigiar as movimentações financeiras da população.
O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, justificou o recuo afirmando que “pessoas inescrupulosas” distorceram a medida, causando pânico, especialmente entre os mais pobres. Para o governo Lula, o episódio foi impulsionado pela disseminação de fake news, o que levou o presidente a declarar que é preciso “enfrentar a mentira” nas redes sociais.
Por outro lado, Nikolas Ferreira rebateu as críticas afirmando que a pressão popular foi essencial para derrubar a decisão. O deputado acusou o governo de tentar fiscalizar o dinheiro da população mais pobre e chamou o recuo da Receita de uma vitória da sociedade. “O PT tentou monitorar o seu dinheiro, mas o povo se uniu nas redes sociais e derrubou a decisão”, disse Ferreira.
A troca de acusações entre governo e oposição expõe a tensão em torno da transparência fiscal e do combate às fake news, temas cada vez mais sensíveis no cenário político brasileiro. O episódio reacende o debate sobre os limites entre fiscalização financeira e invasão de privacidade, colocando em xeque a comunicação institucional do governo e a atuação de parlamentares nas redes sociais.