Na última quinta-feira (31), dia das bruxas, o dólar comercial ultrapassou R$ 5,79, impulsionado pelas declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a revisão de gastos públicos. O ministro, ao afirmar que não há pressa para o anúncio das medidas de controle fiscal, causou desconforto entre investidores, o que refletiu diretamente na valorização da moeda norte-americana, que chegou a R$ 5,791 ao meio-dia, um aumento de 0,486% em relação ao fechamento anterior.
A incerteza gerada pelas declarações de Haddad agrava o cenário de volatilidade cambial. Questionado sobre a data para divulgação das medidas fiscais, anteriormente previstas para após as eleições municipais, Haddad respondeu que não há um cronograma definido, classificando as cobranças da imprensa como “forçação boba”. Esse posicionamento reforçou o pessimismo dos analistas, que já projetam dificuldades para o governo alcançar as metas fiscais de 2024 a 2027.
A deterioração das contas públicas brasileiras também pesa sobre o câmbio. A dívida do país alcançou 78,6% do PIB em agosto, um índice elevado entre países emergentes.
Com um déficit acumulado de quase R$ 100 bilhões neste ano, a expectativa é de que a situação fiscal permaneça um desafio considerável para a equipe econômica, sobretudo diante da perspectiva de um aumento nos custos de financiamento para o governo.