Grupos rebeldes islâmicos roubaram recentemente uma remessa de ajuda humanitária destinada a alimentar cerca de 20.000 pessoas na Síria, aprofundando a crise na região e agravando a situação de comunidades cristãs que já enfrentam uma dura realidade de perseguição e deslocamento forçado. Organizações de direitos humanos denunciam o que chamam de uma limpeza étnica em andamento no país.
De acordo com David Curry, presidente da Global Christian Relief (GCR), parte dos estoques de alimentos, água e medicamentos fornecidos pela organização foi tomada pelos rebeldes há algumas semanas. A GCR, que apoia cristãos perseguidos em todo o mundo, tem trabalhado ativamente na Síria nos últimos dois anos, mas enfrenta agora dificuldades crescentes para continuar suas operações.
“Restam poucos suprimentos, que serão distribuídos com extrema cautela”, explicou Curry em entrevista ao The Christian Post. Ele destacou que a região, historicamente um centro da fé cristã, como Alepo, está se tornando inabitável para a população cristã. Desde o início da guerra civil síria, há mais de uma década, a população cristã caiu de 1,5 milhão para cerca de 300.000.
A crise humanitária se agrava com a escassez de alimentos e água potável, especialmente após a recente captura de cidades como Damasco, Alepo e Hama pelas forças de oposição lideradas pelo grupo extremista Hayat Tahrir al-Sham (HTS). Toques de recolher e restrições à vida cotidiana têm impactado diretamente os moradores, incluindo cristãos, que já enfrentam perseguições constantes.
Curry ainda apontou o papel da Turquia no apoio a esses grupos extremistas, acusando o presidente Recep Tayyip Erdogan de usar forças jihadistas para expandir sua influência na região. Ele pediu que governos ocidentais, como o dos Estados Unidos, sob a liderança do presidente eleito Donald Trump, tomem medidas imediatas, como a criação de corredores humanitários para proteger os deslocados e pressionar Erdogan a interromper o apoio aos rebeldes.
Com a instabilidade e a violência crescentes, organizações como a GCR alertam que o futuro das minorias religiosas na Síria está em risco. A comunidade internacional enfrenta o desafio de responder a essa crise antes que seja tarde demais para milhares de pessoas vulneráveis na região.
