O Farol Diário – O mercado brasileiro de combustíveis apresenta uma situação contraditória: enquanto o preço do diesel caiu e já opera abaixo das cotações internacionais, a gasolina segue mais cara que no exterior em diversos polos do país. A informação é do relatório divulgado nesta terça-feira (22) pela Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), em parceria com a consultoria StoneX.
De acordo com o levantamento, com base em dados até o dia 21 de abril, o preço médio do diesel no Brasil estava 1% abaixo do valor praticado no exterior. Já a gasolina, na média, custava 2% a mais nas regiões de importação. A situação varia conforme o polo: em Paulínia (SP) e Araucária (PR), por exemplo, a gasolina se equipara ao preço internacional, mas em Itacoatiara (AM), ela está 5% mais cara.
Na Bahia, onde a Refinaria de Mataripe é operada pela Acelen, os preços se comportam de forma distinta. No polo de Aratu, o diesel está em paridade com o exterior, enquanto a gasolina continua 2% acima. Vale lembrar que a Petrobras não reajusta o valor da gasolina há 287 dias, ao passo que a Acelen altera seus preços semanalmente, seguindo a dinâmica de mercado.
Outro fator relevante é a recente valorização do petróleo no mercado internacional. Nesta terça-feira, o barril era cotado a US$ 67,54, em alta de 2,94%, reflexo da queda nos estoques dos Estados Unidos e de uma demanda superior à esperada. Esse movimento pode pressionar os preços internos futuramente, especialmente se mantida a política de controle artificial dos combustíveis.
A Abicom ainda destacou a instabilidade do mercado global de petróleo, intensificada desde a eleição de Donald Trump nos EUA, marcada por incertezas quanto a tarifas comerciais e políticas de incentivo à produção interna. Apesar da mudança de governo, os reflexos ainda influenciam o cenário atual. A situação reforça a necessidade de o Brasil adotar maior transparência e competitividade nos preços dos combustíveis, especialmente diante de um cenário geopolítico tão volátil.