O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liberdade provisória ao lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, preso desde novembro de 2024 sob acusação de participação em um suposto esquema de venda de sentenças judiciais envolvendo assessores de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A decisão atendeu a pedido da defesa, que alegou agravamento do estado de saúde do investigado — argumento acolhido também pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet.
A investigação, conduzida pela Polícia Federal dentro da Operação Sisamnes, foi motivada por informações colhidas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Segundo o apurado, Andreson teria mantido relações próximas com Carlos Zampieri, possível articulador de um esquema que incluía acesso antecipado a minutas de decisões judiciais, além do pagamento de vantagens indevidas a servidores públicos.
Entre os indícios reunidos, destacam-se mensagens interceptadas que apontam o compartilhamento prévio de decisões do STJ, bem como a transferência de R$ 4 milhões da empresa de Andreson para um servidor que atuou em dois gabinetes ministeriais. As movimentações reforçaram suspeitas sobre a existência de uma rede de favorecimento institucional.
Apesar da gravidade das acusações, o inquérito — que se encontra em fase final — não conseguiu estabelecer provas diretas contra ministros do STJ. Até o momento, os principais alvos continuam sendo os assessores e intermediários supostamente envolvidos nos repasses e negociações.
A soltura de Andreson reacende o debate sobre a integridade do sistema judiciário brasileiro, frequentemente blindado por uma estrutura que dificulta a responsabilização de seus membros mais graduados. Como apurou O Farol Diário, ainda que ministros estejam fora do alcance direto das investigações, o caso lança luz sobre práticas internas do Judiciário que merecem maior transparência e escrutínio público.