A decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), de suspender reuniões das comissões de Segurança Pública e de Relações Exteriores gerou forte reação da oposição. Os encontros haviam sido convocados para discutir moções de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que enfrenta medidas cautelares determinadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Durante coletiva de imprensa em Brasília, o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), classificou a suspensão como “ilegal e antirregimental”. Segundo ele, a decisão deveria ter sido tomada pelo segundo vice-presidente da Casa, Elmar Nascimento (União-BA), já que Motta e o primeiro vice, Altineu Côrtes (PL-RJ), estão ambos fora do país.
As críticas não pararam por aí. O deputado Filipe Barros (PL-PR), presidente da Comissão de Relações Exteriores, afirmou que o Brasil vive um cenário de “perseguição política” contra Bolsonaro e seus apoiadores. Barros comparou as restrições impostas ao ex-presidente com uma espécie de prisão informal, relembrando que Lula chegou a dar entrevistas da cadeia, enquanto Bolsonaro, sem condenação, é alvo de proibições e censura.
Outros parlamentares da oposição, como Marcel Van Hattem (Novo-RS) e Paulo Bilynskyj (PL-SP), reforçaram o tom de denúncia. Bilynskyj alegou que havia quórum regimental — com 25 deputados presentes — e acusou a decisão de Motta de ser uma tentativa de “calar a oposição”.
Como resposta, os deputados anunciaram a convocação de manifestações populares para o próximo dia 3 de agosto. “Não vamos recuar”, garantiu Bilynskyj, em fala que ecoa a insatisfação de parte significativa da base bolsonarista com o Judiciário e o comando da Câmara.
O Farol Diário continuará monitorando os desdobramentos dessa crise institucional que, mais uma vez, coloca em tensão os poderes da República e reacende o debate sobre limites e abusos nas democracias contemporâneas.