Uma audiência na 12ª Vara Criminal de Cuiabá (MT) tomou um rumo inesperado quando a mãe de um jovem assassinado a tiros em 2016 foi presa após protestar contra o acusado. O incidente, que foi amplamente divulgado nas redes sociais, gerou debates acalorados sobre os direitos das vítimas e a liberdade de expressão no sistema judiciário brasileiro.
Durante a audiência, a mãe foi questionada se estava confortável em prestar seu depoimento na frente do réu.
Em um gesto de coragem, ela indicou que não se importaria com a presença dele na sala, pois o acusado não significava nada para ela. No entanto, o juiz Wladimir Perri, juntamente com o advogado do acusado, intervieram, exigindo um comportamento que, de acordo com a promotora do caso, não levava em conta a situação emocional da vítima.
Marcelle Rodrigues da Costa e Faria, a promotora responsável pelo caso, relatou que tentou intervir para permitir que a mãe contasse sua história, mas o juiz decidiu encerrar a audiência abruptamente. Frustrada e angustiada, a mãe do jovem assassinado atirou um copo de plástico, gesto que levou à sua prisão.
A mãe da vítima ainda disse ao assassino “da justiça dos homens você escapou, mas da justiça Deus não escapa”.
A situação se agravou quando o juiz alegou que a mulher danificou patrimônio público ao quebrar um bebedouro com o copo de plástico. A promotora questionou essa afirmação, destacando a improbabilidade de um copo de plástico danificar um bebedouro.
Após a prisão, a mãe permaneceu no fórum por várias horas, aguardando o lançamento da ata no sistema judicial, antes de ser levada para a delegacia, onde prestou depoimento. O delegado, após investigação, não encontrou provas para lavrar um flagrante, levantando questões sobre a validade da prisão.