O ataque brutal a Lahav Shapira, ocorrido em Berlim no início de fevereiro, trouxe à tona um crescente problema nas universidades alemãs: o aumento dos casos de antissemitismo. O estudante, que foi espancado por um ex-colega de faculdade, teria sido alvo de violência devido às suas posições sobre o conflito no Oriente Médio. O julgamento do agressor está marcado para 8 de abril no Tribunal Distrital de Tiergarten.
O caso de Shapira não é isolado. Desde o ataque terrorista do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023 e a consequente resposta militar israelense na Faixa de Gaza, estudantes judeus na Alemanha têm relatado um clima de medo nas universidades. Segundo um relatório da União de Estudantes Judeus da Alemanha (JSUD) e do Comitê Judaico Americano (AJC) de Berlim, o número de incidentes antissemitas nos campi saltou de 23 em 2022 para 151 em 2023, com destaque para Berlim como o ponto mais crítico.
A presidente da JSUD, Hanna Veiler, descreveu o ambiente universitário como tomado por um “tsunami de antissemitismo”. Ocupações de prédios, pichações anti-israelenses e até mesmo ameaças de violência física têm sido denunciadas pelos estudantes. Além disso, a falta de estudos aprofundados sobre o problema dificulta o combate ao ódio crescente. O relatório apresentado pelas organizações judaicas sugere uma série de medidas, incluindo a persecução penal de crimes antissemitas, treinamentos obrigatórios sobre o tema e a nomeação de representantes para aconselhar estudantes judeus.
O episódio envolvendo Shapira também levou a uma ação judicial contra a Universidade Livre de Berlim (FU). O estudante acusa a instituição de negligência ao não tomar medidas para impedir a discriminação contra judeus em seus campi. O processo, previsto para começar ainda este ano, poderá esclarecer qual a responsabilidade das universidades no combate ao antissemitismo dentro de seus espaços.
Diante desse cenário preocupante, a JSUD elegeu um novo presidente, Ron Dekel, enquanto Hanna Veiler anunciou sua saída do cargo, afirmando precisar se distanciar da Alemanha. A crescente hostilidade enfrentada pelos estudantes judeus no meio acadêmico alemão reforça a urgência de ações concretas para garantir um ambiente universitário seguro e livre de intolerância.