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A geração confinada: jovens ainda sofrem com os reflexos do lockdown

Estudos revelam que os confinamentos agravaram problemas de saúde mental, causaram dificuldades cognitivas e deixaram marcas profundas na geração jovem.

Os impactos dos lockdowns na juventude ainda são sentidos anos após o fim da pandemia de covid-19. Para muitos jovens, as restrições não apenas interromperam a rotina escolar, mas também minaram sua saúde mental e expectativas de futuro. A universitária Lena (nome fictício), de 21 anos, expressa um sentimento compartilhado por milhares: “A pandemia roubou completamente as nossas vidas”. Como muitos outros, ela trocou a socialização pelo isolamento e viu suas ambições profissionais desmoronarem.

Estudos conduzidos por especialistas em saúde mental revelam que os efeitos do confinamento foram mais profundos do que inicialmente previsto. A sensação de impotência e solidão, aliadas à incerteza sobre o futuro, geraram um aumento significativo em casos de depressão, ansiedade e até dificuldades cognitivas. A professora assistente Darina Falbová, que investigou esses impactos, aponta sintomas alarmantes, como perda de memória, dificuldades de concentração e transtornos alimentares.

Além das sequelas psicológicas, as mudanças no estilo de vida impostas pelos lockdowns também cobraram seu preço. O aumento do tempo de tela, a redução da atividade física e os distúrbios do sono afetaram negativamente a saúde dos jovens. Mulheres, em particular, relataram irregularidades menstruais, possivelmente ligadas ao estresse e a alterações hormonais pós-covid. Tudo isso se soma a um contexto já desafiador para essa geração, que antes mesmo da pandemia lidava com a pressão acadêmica, a insegurança econômica e até a chamada “ansiedade climática”.

Agora, especialistas alertam que os danos desse período não podem ser ignorados. Falbová destaca a necessidade de políticas mais equilibradas para futuras crises sanitárias, priorizando não apenas a saúde física, mas também o bem-estar mental e emocional dos jovens. “A próxima pandemia exigirá estratégias mais prudentes, que considerem o impacto das restrições na juventude e garantam alternativas seguras para o convívio social”, sugere a pesquisadora.

Cinco anos após os primeiros lockdowns, fica a reflexão sobre as decisões tomadas e suas consequências. Se há uma lição clara, é que os jovens foram, muitas vezes, tratados como uma preocupação secundária. Em futuras crises, será essencial evitar que uma geração inteira pague o preço de medidas desproporcionais, como aconteceu na pandemia de covid-19.

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