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Greve na Receita Federal paralisa comércio e ameaça economia

A greve dos auditores da Receita Federal, que já ultrapassa 100 dias, gera um colapso logístico nos portos e ameaça o crescimento econômico do Brasil.

A prolongada greve dos auditores fiscais da Receita Federal, que já dura mais de 100 dias, se tornou um novo fator de pressão sobre a economia brasileira. A operação-padrão nos terminais alfandegários tem gerado atrasos na liberação de cargas de exportação e importação, acumulando prejuízos de R$ 3,5 bilhões e uma perda estimada de R$ 15 bilhões em arrecadação de impostos. O governo Lula, que luta para manter o crescimento econômico acima de 3%, vê esse impasse complicar ainda mais suas metas fiscais e de controle da inflação.

Nos portos, cerca de 75 mil remessas estão retidas, provocando um colapso logístico que afeta desde o agronegócio até o comércio eletrônico. O setor cafeeiro, por exemplo, já contabiliza perdas de R$ 57,7 milhões desde meados de 2024, sendo R$ 6,1 milhões apenas no início de 2025. Já os exportadores de proteína animal enfrentam dificuldades na liberação de cargas, comprometendo prazos de entrega para mercados estratégicos como China e União Europeia, o que pode afetar a credibilidade do Brasil no comércio internacional.

Além dos exportadores, indústrias dependentes de insumos importados, como o setor automotivo, também estão sofrendo com os atrasos, o que pode gerar desabastecimento e aumento nos preços. O comércio eletrônico, que depende de prazos ágeis de entrega, já enfrenta um crescimento nas reclamações dos consumidores devido às demoras impostas pela operação-padrão da Receita. No transporte rodoviário, a retenção de mercadorias em locais como Uruguaiana e Foz do Iguaçu elevou os tempos de liberação de cargas de algumas horas para até quatro dias.

O impasse se arrasta devido à reivindicação dos auditores fiscais por reajustes salariais para compensar perdas inflacionárias desde 2016, que já ultrapassam 50%. O governo federal, no entanto, reluta em ceder devido às restrições orçamentárias e à tentativa de zerar o déficit fiscal. Além dos prejuízos logísticos, a paralisação também paralisou os julgamentos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), congelando processos que poderiam recuperar R$ 51 bilhões para os cofres públicos.

Diante do cenário de incerteza, setores estratégicos da economia pressionam o governo por uma solução rápida. No entanto, com o prazo para resposta aos auditores estendido até março de 2025, o risco de prolongamento da crise e seus impactos sobre a inflação e o crescimento do país continua a crescer.

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