A busca por maior segurança e estabilidade impulsionará novos acordos entre a Europa e o Brasil, afirmou nesta segunda-feira (17.mar.2025) o embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain. Ele destacou que a União Europeia não quer ser dependente dos Estados Unidos e da China e que essa mudança se acelerou após a pandemia e a Guerra na Ucrânia.
Lenain afirmou que o Brasil terá um papel relevante no processo de paz na Ucrânia, dada sua influência internacional e compromisso com soluções diplomáticas. “Precisamos de países grandes como o Brasil para apoiar o direito e ajudar a conseguir uma solução estável”, disse. O posicionamento do Brasil ganha ainda mais relevância no contexto da conversa entre os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e dos EUA, Donald Trump, prevista para esta terça-feira (18.mar), para discutir um possível cessar-fogo.
O embaixador francês ressaltou que a Europa precisará aumentar seus investimentos em defesa, especialmente após a pressão de Trump para que os europeus assumam maior responsabilidade por sua própria segurança. Segundo Lenain, essa postura já era defendida pelo presidente da França, Emmanuel Macron, desde 2017, mas ganhou um novo tom com a postura mais agressiva da administração norte-americana. “Estamos um pouco surpresos com a brutalidade da abordagem dos EUA, mas a orientação geral já era esperada”, afirmou.
Além da questão militar, Lenain apontou que a governança global se tornará multipolar, o que beneficiará o Brasil nas relações diplomáticas e comerciais. A França apoia a entrada brasileira como membro permanente no Conselho de Segurança da ONU e vê o país como um parceiro fundamental para a reconstrução da ordem internacional.
O alinhamento entre Brasil e Europa também se fortalecerá em temas ambientais e climáticos, especialmente diante da saída dos EUA do Acordo de Paris. A realização da COP 30 em Belém, em novembro de 2025, segundo Lenain, será uma oportunidade para o Brasil reafirmar seu protagonismo global. “Será necessário reconstruir a ordem internacional com países que compartilham os mesmos valores: democracia, respeito às culturas e identidades”, concluiu o embaixador.