Brasil Aparece em Documentos Liberados Sobre Assassinato de Kennedy
O governo dos Estados Unidos divulgou mais de dois mil documentos relacionados ao assassinato do presidente John F. Kennedy em 1963. Entre os relatórios, liberados na terça-feira (18), há diversas menções ao Brasil, principalmente no contexto da Guerra Fria e das ações da CIA na América Latina. A publicação dos arquivos foi autorizada pelo então presidente Donald Trump, ampliando o acesso a informações antes sigilosas.
Entre os destaques dos documentos, um telegrama da CIA de 1961 aponta que o então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, recusou apoio oferecido por Cuba e China para garantir a posse de João Goulart após a renúncia de Jânio Quadros. A agência de inteligência americana relatou que Fidel Castro e Mao Tse-Tung teriam oferecido “voluntários” e apoio material, mas Brizola temia represálias dos EUA e optou por não aceitar a ajuda.
Os arquivos também detalham as ações da CIA contra a influência cubana na América Latina. Um documento de 1962 menciona que os EUA planejavam uma campanha para minar o regime de Fidel Castro, com ações de propaganda em diversos países, incluindo o Brasil. Outro relatório de 1964, após o golpe militar, afirma que a queda de João Goulart representou um grande revés para Cuba, que ainda assim continuava promovendo e financiando movimentos revolucionários na região.
Um dos documentos mais intrigantes sugere que diplomatas brasileiros foram usados para intermediar comunicações entre agentes de inteligência dos EUA e de Cuba. A CIA monitorava correspondências enviadas entre Miami e Havana, usando missões diplomáticas do Brasil como intermediárias. No entanto, o relatório indica que os diplomatas brasileiros provavelmente não estavam diretamente envolvidos com espionagem, mas podiam transportar materiais como mapas e dinheiro.
Além disso, um memorando de 1963 revela que o governo americano planejava interferir em eventos sindicais latino-americanos, temendo a influência comunista. No Brasil, a CIA pretendia enfraquecer um encontro sindical programado para 1964 no Rio de Janeiro, espalhando informações sobre as más condições de trabalho em Cuba e na China. A estratégia fazia parte de um esforço maior dos EUA para conter a expansão do comunismo na América Latina.
A divulgação desses documentos reforça o papel do Brasil como um território estratégico durante a Guerra Fria, frequentemente monitorado e influenciado por potências internacionais. O Farol Diário seguirá acompanhando o impacto dessas revelações para a história política brasileira.