O Federal Reserve (Fed) decidiu, nesta quarta-feira (19), manter a taxa de juros dos Estados Unidos na faixa de 4,25% a 4,50%. Esta é a segunda vez consecutiva que o banco central americano opta por não alterar os juros, refletindo a cautela diante de um cenário econômico marcado por incertezas e pela volatilidade das políticas adotadas nos primeiros meses do novo mandato de Donald Trump.
A decisão já era amplamente esperada pelo mercado, que voltou sua atenção para o comunicado do Fed e o “dot plot”, gráfico que revela as projeções dos membros do Fomc (comitê de política monetária dos EUA). O presidente da instituição, Jerome Powell, dará mais detalhes sobre o posicionamento do banco em coletiva de imprensa às 15h30.
O Fed já havia reduzido os juros em um ponto percentual ao longo de 2024, mas desde então adota uma postura mais conservadora para 2025. A primeira reunião do ano interrompeu uma sequência de três cortes, e, apesar de uma desaceleração da inflação acima do esperado em fevereiro, ainda há incertezas sobre novas reduções. O mercado previa pelo menos dois cortes de 0,25 ponto percentual até o fim do ano, mas o ambiente político e econômico pode alterar essas expectativas.
As políticas comerciais de Trump, especialmente as novas tarifas sobre importações, geram dúvidas sobre os impactos no crescimento econômico e na inflação. Economistas ouvidos pelo Financial Times afirmam que essa incerteza dificulta a comunicação do Fed sobre os rumos da economia, pois a instituição se baseia em dados passados para suas decisões. O receio é que as tarifas elevem preços e pressionem o banco central a um caminho mais agressivo de política monetária.
Embora indicadores como inflação e desemprego ainda não tenham sentido um impacto significativo das políticas de Trump, sinais de fragilidade começam a aparecer. O desemprego subiu para 4,1% em fevereiro, e pesquisas de confiança de empresas e consumidores mostram quedas. O governo já reconhece que algumas de suas medidas podem trazer custos no curto prazo.
O mercado financeiro reagiu com cautela antes da decisão. Nos EUA, Wall Street operava em alta, com o S&P 500 subindo 0,4% e o Nasdaq avançando 0,7%. No Brasil, o dólar caiu e a Bolsa seguiu em alta, enquanto os investidores aguardam a decisão do Copom sobre a taxa Selic, também prevista para esta quarta-feira.
