O Ministério Público da Bahia voltou a colocar o município de Iaçu, a 280 quilômetros de Salvador, no centro de um escândalo de corrupção. O prefeito Nixon Duarte Muniz Ferreira (PSD), reeleito mesmo após uma série de acusações graves, agora é investigado por simular o abastecimento de um caminhão sem motor e sem rodas para desviar recursos públicos. A cidade, com 24 mil habitantes, tem mais da metade de sua população dependente do Bolsa Família.
Segundo os procuradores, o veículo usado na fraude está parado há mais de quatro anos no pátio da Secretaria de Transportes, mas constam nas prestações de contas da prefeitura diversas notas fiscais de abastecimento, com valores entre R$ 1.200 e R$ 4.000. O total do desvio por meio dessa sucata ultrapassaria R$ 99 mil, conforme aponta a Associação Dissensão Contra Corrupção, que monitora gastos públicos municipais.
O esquema não parou por aí. Durante a pandemia, enquanto as aulas estavam suspensas, a prefeitura gastou R$ 927 mil abastecendo ônibus escolares que estavam sem uso. Para o MP, há fortes indícios de que os veículos foram utilizados como instrumento para o desvio sistemático de dinheiro.
O prefeito Nixon afirma que a denúncia “já está sendo arquivada” e diz que as acusações são fruto de perseguição política. Segundo ele, o caminhão citado ficou apenas 30 dias parado, não os quatro anos indicados pela investigação. Ele também reforçou que nunca foi condenado, mesmo tendo sido alvo de 24 denúncias ao longo de sua carreira política.
Apesar da gravidade das acusações e das evidências materiais encontradas, o caso reacende o debate sobre a impunidade e o clientelismo em municípios do interior, onde a dependência de programas assistenciais e o domínio de velhos caciques políticos limitam o surgimento de alternativas viáveis de gestão. O Farol Diário seguirá acompanhando os desdobramentos dessa investigação.
