Café moído lidera inflação e se torna vilão do IPCA em 2025
O tradicional cafezinho, presença diária na mesa do brasileiro, tornou-se um dos principais responsáveis pela inflação dos alimentos nos últimos 12 meses. Segundo dados divulgados nesta sexta-feira (11) pelo IBGE, o café moído acumulou uma alta de 77,78% entre março de 2024 e março de 2025, chegando a dobrar de preço em várias capitais. A disparada fez do produto o maior destaque de alta no grupo Alimentação e Bebidas do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
A escalada nos preços se explica por uma combinação de fatores. De um lado, a quebra de safra no Vietnã — segundo maior produtor mundial — reduziu drasticamente a oferta global. De outro, eventos climáticos também atingiram a produção brasileira, elevando os custos e pressionando o mercado interno. “Foi uma tempestade perfeita: menos oferta mundial e aumento da demanda”, explicou Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa do IBGE.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o quilo do café torrado e moído no varejo saltou de R$ 32,90 para R$ 64,80 em um ano, um aumento de 96,9%. Capitais como Belo Horizonte e Goiânia registraram altas superiores a 100%. Mesmo em São Paulo, a maior cidade do país, o preço subiu 62,5%, percentual acima da inflação geral.
O impacto é direto no bolso das famílias, especialmente as de menor renda, que destinam parcela maior da renda à alimentação. O café, por estar presente na cesta básica e no cotidiano do brasileiro, amplifica o efeito da inflação. Setores como panificadoras, cafeterias e redes varejistas já sentem a pressão e repassam os custos ao consumidor.
Enquanto o governo segue apostando em soluções macroeconômicas centralizadas, pouco se discute sobre a necessidade de desregulamentar mercados agrícolas e facilitar a entrada de fornecedores alternativos. O Farol Diário acompanhará os desdobramentos dessa crise que, para muitos brasileiros, tornou até o café da manhã um luxo.