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Lula anuncia “combate” a esquema bilionário de fraudes no INSS

Mais de 6 milhões de aposentados podem ter sido lesados por associações que operavam desde 2019; presidente Lula evita citar Bolsonaro, mas responsabiliza gestão anterior.

São Paulo – Em pronunciamento oficial na véspera do Dia do Trabalhador, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou que seu governo desmontou um esquema de fraudes bilionárias contra aposentados do INSS, operado por entidades privadas desde 2019. A revelação, feita inicialmente pelo portal Metrópoles, culminou na Operação Sem Descontos da Polícia Federal, que estima um rombo de R$ 6,3 bilhões.

Sem citar diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Lula destacou que o esquema teve início no primeiro ano da gestão anterior e que as entidades envolvidas serão processadas pela Advocacia-Geral da União (AGU) para ressarcir os lesados. “Determinei à AGU que as associações que praticaram cobranças ilegais sejam processadas e obrigadas a ressarcir as pessoas que foram lesadas”, disse o presidente em cadeia nacional de rádio e TV.

A denúncia expôs um conluio entre empresas e associações que, usando laranjas, realizavam filiações fraudulentas de aposentados para cobrar mensalidades indevidas, com o aval de acordos firmados junto ao próprio INSS. Segundo a Controladoria-Geral da União (CGU), mais de 6 milhões de beneficiários podem ter sido prejudicados por esses acordos firmados sem fiscalização efetiva.

A repercussão forçou uma troca no comando do INSS: Gilberto Waller, procurador federal, substitui Alessandro Stefanutto, demitido após ser afastado judicialmente no mesmo dia da operação. A AGU já anunciou uma força-tarefa para recuperar os valores desviados e proteger os direitos dos aposentados e pensionistas.

O escândalo também pressiona o ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), que afirmou ter conhecimento apenas de denúncias pontuais, mas não da real dimensão do esquema. Críticos apontam falhas estruturais no modelo de cooperação entre o INSS e entidades privadas, levantando discussões sobre o excesso de aparelhamento e falta de transparência no sistema público de previdência.

O Farol Diário seguirá acompanhando os desdobramentos do caso, que expõe mais uma vez os riscos da aliança entre o Estado e interesses corporativos que operam sob o pretexto de representar o cidadão.

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