Governo português anuncia deportações em massa antes das eleições
O Governo de centro-direita de Portugal anunciou neste sábado (3) que pretende expulsar cerca de 18.000 imigrantes que vivem no país sem documentação legal. O anúncio ocorre a poucos dias das eleições gerais antecipadas, marcadas para 18 de maio, e acirra o debate sobre imigração e segurança num momento de forte instabilidade política.
O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, declarou que a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) começará já na próxima semana a notificar os primeiros 4.500 estrangeiros para que deixem voluntariamente o país no prazo de 20 dias. Segundo ele, os indivíduos visados não conseguiram regularizar a permanência em outros países do Espaço Schengen, o que automaticamente os impede de obter residência em Portugal.
A medida, apesar de polêmica, visa responder a críticas de que Portugal tem sido excessivamente permissivo com violações às regras migratórias. “Portugal é um dos três países da Europa que menos deportações executa”, afirmou o ministro, sublinhando a urgência de rever um sistema considerado ineficaz. As declarações foram dadas ao jornal Público e refletem uma mudança de tom do Executivo em temas relacionados à imigração.
O endurecimento ocorre num contexto político turbulento. O primeiro-ministro Luís Montenegro convocou eleições antecipadas após perder um voto de confiança no Parlamento, abalado por suspeitas de conflito de interesses envolvendo a empresa familiar Spinumviva. O escândalo, somado à instabilidade parlamentar, levou à dissolução do governo minoritário formado com o CDS-PP.
Analistas indicam que a crise atual é a mais grave desde a democratização do país, em 1974. Ao mesmo tempo, cresce o apoio ao partido populista Chega, que subiu ao terceiro lugar nas últimas eleições. A onda de descontentamento e a aproximação do pleito criam um ambiente propício para medidas mais rígidas e populistas, especialmente nas áreas de segurança e imigração.
A redação do Farol Diário continuará acompanhando os desdobramentos do processo eleitoral e os impactos sociais e institucionais da nova política migratória.