Morreu nesta terça-feira (13), aos 89 anos, o ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica, figura emblemática da esquerda latino-americana. Sua morte, em decorrência de um câncer no esôfago, encerra uma trajetória que começou na luta armada com o grupo Tupamaros e terminou com um mandato presidencial pautado por discursos humanistas, mas resultados econômicos e sociais pouco concretos. O anúncio foi feito pelo atual presidente Yamandú Orsi, pupilo político de Mujica.
Pepe Mujica ficou 14 anos preso por envolvimento direto em ações violentas, incluindo assaltos e sequestros, promovidos pelo grupo guerrilheiro nos anos 1960 e 1970. Tais práticas, mesmo romantizadas por setores progressistas, foram marcadas por atentados contra a ordem democrática, ocorrendo antes mesmo da instalação da ditadura no país — fato que desmente a narrativa de resistência pura ao autoritarismo.
Durante sua presidência (2010-2015), Mujica ganhou holofotes internacionais por seu estilo de vida modesto, recusando regalias e preferindo viver em sua chácara. Porém, por trás da imagem do “presidente pobre” e carismático, o Uruguai enfrentou estagnação econômica, aumento da criminalidade e uma ampliação do Estado que sufocou a iniciativa privada. Suas principais medidas — como a legalização da maconha e a ampliação de políticas assistencialistas — são hoje duramente criticadas por setores que defendem responsabilidade fiscal e liberdade individual.
O mito Mujica também serviu para encobrir o fracasso de uma esquerda que prefere a retórica à gestão eficiente. Seu estilo bonachão, frequentemente citado como virtude, também se refletia em omissões e decisões improvisadas. Mesmo admirado por parte da juventude militante, seu governo deixou um vácuo de resultados práticos duradouros — algo que a história já começa a revisar com menos paixão e mais objetividade.
O Farol Diário seguirá atento aos desdobramentos da morte de Mujica e às tentativas da esquerda regional de transformar mais uma vez um ex-revolucionário em herói, ignorando os custos reais de seus atos e decisões.