Conafer sob investigação bilionária mantém espaço privilegiado no Congresso
Apesar de ser uma das principais investigadas na Operação Sem Desconto, que apura fraudes bilionárias em descontos ilegais sobre benefícios do INSS, a Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer) mantém influência direta no Congresso Nacional. A entidade conta com o apoio de parlamentares como o senador Chico Rodrigues (PSB-RR), vice-presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Empreendedorismo Rural, grupo no qual a Conafer tem presença ativa.
As investigações da Polícia Federal apontam que os desvios podem chegar a R$ 6,3 bilhões, envolvendo descontos indevidos aplicados a aposentados e beneficiários do INSS. A Conafer aparece como a segunda entidade com maior volume desses descontos, ficando atrás apenas da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), também sob investigação.
A atuação política da Conafer inclui proximidade com figuras como Carlos Lopes, presidente da entidade, que participou da inauguração da frente parlamentar em abril de 2024. Na ocasião, Lopes agradeceu publicamente ao Congresso e classificou Chico Rodrigues como “amigo e orientador”. Vale lembrar que Rodrigues já foi alvo de polêmicas, como o episódio em que foi flagrado pela PF, em 2020, com dinheiro escondido na cueca — o que não impediu sua permanência no colegiado.
Apesar de negar qualquer financiamento da frente por parte da Conafer, o deputado Fausto Pinato (PP-SP), presidente da Frente Parlamentar, reconheceu que acata sugestões da entidade. O grupo também conta com membros como os deputados Vander Loubet (PT-MS) e Euclydes Pettersen (Republicanos-MG), este último já tendo representado oficialmente a Conafer em reuniões com o INSS.
A teia de conexões entre a entidade investigada e nomes influentes do Congresso levanta questões sobre os limites da atuação político-institucional e o acesso privilegiado de organizações sob suspeita. Enquanto as investigações seguem, o jornal O Farol Diário continuará acompanhando os desdobramentos desse caso que envolve bilhões de reais e interesses públicos sensíveis.