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“O golpe não existiu”: Bolsonaro rebate acusações e detalha estratégia de defesa

Durante depoimento ao STF, Bolsonaro reafirma legalidade de suas ações e diz que apresentará gravações com críticas ao sistema eleitoral feitas por autoridades.

Brasília – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestou depoimento nesta terça-feira (10) ao Supremo Tribunal Federal (STF), no inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Ao chegar ao tribunal, Bolsonaro declarou com firmeza: “O golpe não existiu”. A fala foi feita diante de jornalistas pouco antes das 9h, marcando o tom do que será sua estratégia de defesa perante o ministro Alexandre de Moraes.

O interrogatório faz parte da nova rodada de oitivas conduzidas pelo STF com réus ligados ao antigo governo. Bolsonaro, que nega qualquer intenção de ruptura institucional, adiantou que irá apresentar entre 11 e 12 vídeos como parte de sua defesa. O material incluiria falas de autoridades como Flávio Dino e Carlos Lupi, com críticas ao sistema eleitoral brasileiro. “Se me deixarem à vontade, posso falar por horas”, disse o ex-presidente.

Sobre as acusações de que teria cogitado decretar Estado de Sítio, Bolsonaro foi categórico ao reforçar os limites constitucionais do dispositivo. “Antes de assinar qualquer coisa, é preciso convocar os conselhos e o Congresso tem que aprovar”, explicou, rebatendo a narrativa da Procuradoria-Geral da República (PGR), que aponta para supostos movimentos golpistas.

No dia anterior, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid reafirmou, em depoimento, partes de sua delação premiada, alegando que o almirante Almir Garnier teria colocado a Marinha à disposição de Bolsonaro. Segundo ele, a falta de apoio do Exército teria frustrado qualquer iniciativa nesse sentido, revelando bastidores de tensão entre comandos militares à época.

Já o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, negou que a agência tenha atuado para monitorar autoridades ou investigar o sistema eleitoral. Ramagem criticou a Polícia Federal por ter mencionado o uso do sistema israelense First Mile em um relatório que o ligaria a investigações paralelas sobre as urnas eletrônicas.

Além de Bolsonaro, o STF ouvirá nesta terça-feira outros acusados, entre eles os generais Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira, Walter Braga Netto (por videoconferência), além do ex-ministro Anderson Torres e do almirante Almir Garnier. O Farol Diário acompanhará o desenrolar do caso, que segue sendo um dos principais focos da Corte no julgamento das ações relacionadas ao pós-eleições de 2022.

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