O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, iniciou um período de férias nesta segunda-feira (16), em meio à crescente tensão entre o governo federal e o Congresso Nacional sobre o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Até o dia 22 de junho, a pasta será comandada interinamente por Dario Durigan, secretário-executivo do ministério. A mudança ocorre em um momento delicado para a equipe econômica, que enfrenta forte resistência política ao novo pacote fiscal.
A alteração na data das férias, antecipadas de julho para junho, foi oficializada no Diário Oficial da União no último dia 5. A decisão de Haddad coincide com a movimentação intensa no Congresso, onde o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), articula a votação de um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que visa barrar o aumento do IOF previsto na nova Medida Provisória (MP) do governo.
A proposta, se considerada urgente, pode ser votada diretamente no plenário da Câmara, ignorando o trâmite pelas comissões. O movimento tem apoio significativo entre os parlamentares, inclusive de lideranças da base governista, que demonstram desconforto com a tentativa do Executivo de aumentar impostos para cobrir rombos fiscais. “O clima na Casa não é favorável para o aumento de impostos”, declarou Motta.
Nos bastidores, a articulação política segue intensa. No sábado (14), Motta se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e com o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) no Palácio da Alvorada. O conteúdo da conversa não foi divulgado, mas a presença de líderes de peso indica o grau de preocupação com a crise fiscal e o risco de derrota do governo no Congresso.
Apesar das tensões, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), minimizou o impasse e afirmou que a votação discutida com os deputados se limita à urgência da proposta, não ao seu mérito. Ainda assim, a base governista sabe que o avanço da pauta pode significar uma derrota simbólica para Haddad e para o Planalto.
A Medida Provisória do IOF, apresentada em 11 de junho, prevê uma arrecadação total de R$ 31,4 bilhões até 2026. Após negociações, o impacto fiscal estimado foi reduzido para R$ 20 bilhões em 2025, com expectativa de arrecadação de R$ 7 bilhões já no próximo ano. Mesmo com os ajustes, o Congresso resiste ao aumento de tributos — uma resposta clara ao desgaste de políticas fiscais centralizadoras. O jornal O Farol Diário continuará acompanhando os desdobramentos dessa disputa.