Guilherme Boulos (PSOL), segundo colocado na disputa pela prefeitura de São Paulo em 2024, chamou a atenção para o que considera uma “derrota histórica” iminente da esquerda brasileira nas eleições de 2026. Em entrevista publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, Boulos apontou que a frustração com o resultado reflete lições que precisam ser absorvidas pela esquerda, que ele acredita estar em defensiva frente ao avanço ideológico da extrema direita. Para o deputado, o desafio agora é evitar um “ciclo longo” da direita no poder.
A análise do candidato derrotado reforça sua convicção de que ceder ao centro não é a resposta para a derrota nas urnas. Segundo Boulos, essa visão de um alinhamento mais ao centro se traduz em um “suicídio histórico”, pois abrir mão de princípios progressistas deixaria a extrema direita livre para ocupar o espaço ideológico. “A utopia de uma sociedade sem esquerda favorece a hegemonia da extrema direita”, afirmou. Ele ainda enfatizou que a eleição de prefeitos aliados ao Centrão fortaleceu a base conservadora, que poderá apoiar massivamente a direita nas eleições de 2026.
Boulos também comentou sobre a influência de narrativas que, segundo ele, contribuem para o fortalecimento de um discurso de ruptura social pela extrema direita. O deputado destacou que, para contrapor o discurso de “antissistema”, a esquerda precisaria enfrentar esse embate com um diálogo direto e contínuo, para desfazer a associação entre progresso social e “medo do comunismo”, explorada pela direita. “Precisamos de coragem para dialogar nas ruas, olho no olho”, frisou.
Por fim, Boulos analisou os ataques do influenciador Pablo Marçal (PRTB) como fator decisivo em sua derrota para Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo. Em sua visão, Marçal, que ficou em terceiro lugar na eleição, buscou consolidar a rejeição ao PSOL e contribuir para fortalecer a direita. Mesmo com o apoio das mídias e setores econômicos a seu opositor, Boulos destacou que se recusou a “fugir do diálogo” e buscou se comunicar com eleitores de Marçal nos últimos dias de campanha. Para ele, o contato direto com essa base é essencial para reagir ao avanço da extrema direita e evitar que seu projeto se consolide em 2026.