Em seu novo livro, Petrobras – A Luta pela Transformação, Roberto Castello Branco, ex-presidente da estatal, rompe o silêncio sobre a experiência à frente da Petrobras entre 2019 e 2021, durante o governo Bolsonaro. Castello Branco, economista ligado ao grupo “Chicago Oldies” e defensor do liberalismo econômico, revela detalhes de sua passagem pela companhia, abordando desafios internos e os resquícios de práticas nacionalistas que, segundo ele, limitam a competitividade da estatal.
Ao longo de 2019, quando assumiu a liderança da Petrobras, Castello Branco encontrou uma empresa ainda sob o impacto dos escândalos da Lava Jato, mas com uma governança mais sólida. Para ele, o verdadeiro entrave estava na gestão: a ausência de critérios de custos e a manutenção de atividades que, por não estarem diretamente ligadas à exploração e produção de petróleo, drenom recursos valiosos da companhia. Castello defende no livro uma Petrobras mais enxuta e voltada para suas atividades principais, como a exploração de petróleo e gás em águas ultraprofundas, onde detém expertise mundial.
O autor critica o que chama de “nacionalismo fervoroso” que transformou a Petrobras em símbolo político, tanto pela esquerda quanto por setores tradicionais da direita militar. Ele acredita que essa abordagem levou a investimentos equivocados e comprometeu a companhia, dificultando decisões de gestão e abrindo espaço para denúncias e perseguições internas. Castello também descreve o desperdício e os privilégios oferecidos aos funcionários da estatal, o que segundo ele refletia uma “sociedade de castas” dentro da Petrobras.
Castello Branco propõe no livro que o governo resolva o impasse da estatal, ou tornando-a totalmente pública ou viabilizando a privatização. Sua visão é a de que a Petrobras, sob gestão mista, sofre com objetivos conflitantes, sendo forçada a seguir interesses políticos que prejudicam seu desempenho empresarial. Por fim, o autor destaca a importância de uma abordagem transparente e de longo prazo para tornar a companhia competitiva e livre de intervenções políticas.