A Bolsa de Valores de Londres enfrenta seu pior ano de saídas desde a crise financeira global, com um êxodo significativo de empresas do índice FTSE 100 em direção aos Estados Unidos. De acordo com o London Stock Exchange Group, 88 empresas já retiraram ou transferiram suas listagens primárias este ano, enquanto apenas 18 ingressaram, marcando a maior saída líquida desde 2009. A perspectiva de melhores condições de mercado em Nova York e uma maior base de investidores estão entre os motivos citados pelas empresas.
Entre os destaques, a Ashtead, avaliada em £ 23 bilhões, anunciou recentemente sua intenção de transferir sua listagem para os EUA. A empresa se junta a gigantes como Flutter e CRH, que juntas somam uma avaliação de mercado de £ 280 bilhões, representando 14% do valor total do FTSE 100. Além disso, aquisições por grupos de private equity também têm drenado a bolsa britânica.
O governo britânico e a London Stock Exchange (LSE) tentaram reagir com reformas no mercado financeiro e no sistema de pensões, mas os esforços têm mostrado pouco impacto. Segundo Charles Hall, da corretora Peel Hunt, a fuga das empresas indica que Londres precisa de maior suporte para competir em um mercado global cada vez mais concentrado nos Estados Unidos.
Empresas que transferem suas operações frequentemente citam a relevância de suas atividades na América do Norte como justificativa. Ashtead, por exemplo, obtém 98% de seu lucro operacional nos EUA, enquanto outras empresas do FTSE 100 também geram grande parte de sua receita naquele país. Um relatório do Financial Times identificou Londres como a bolsa europeia com maior risco de perder grandes empresas para Nova York.
Apesar disso, alguns sinais de otimismo permanecem. A listagem da Canal+, avaliada em € 6 bilhões, pode ser a maior em Londres desde 2022 e representar um alívio temporário para a crise. Contudo, analistas apontam que a competitividade da bolsa britânica seguirá pressionada enquanto não houver uma mudança estrutural mais profunda.
O impacto dessa debandada é claro: com empresas de rápido crescimento buscando mercados mais dinâmicos, Londres pode perder ainda mais relevância global. A percepção de que a bolsa britânica oferece avaliações mais baixas do que suas concorrentes norte-americanas continua sendo um desafio central para atrair e reter grandes corporações.