Juiz aponta amplitude das vítimas e potencial de extorsão em decisão que também envolve outros condenados
O desfecho de um capítulo marcante no cenário político e jurídico brasileiro foi selado com a condenação do hacker Walter Delgatti Neto a 20 anos e 1 mês de prisão na Operação Spoofing. A sentença, proferida pelo juiz Ricardo Augusto Soares Leites, substituto da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, culmina de uma extensa investigação que se originou a partir do vazamento de conversas de autoridades ligadas à Operação Lava Jato.
As investigações revelaram que inúmeras autoridades foram alvo de ataques cibernéticos perpetrados por Delgatti Neto e seus cúmplices. O magistrado sustentou que a amplitude das vítimas é notável e apontou o potencial de inúmeras ocasiões de extorsões derivadas do acesso a informações sensíveis.
“A amplitude das vítimas é imensa e poderia render inúmeras ocasiões de extorsões”, escreveu o juiz em sua decisão. “Seus ataques cibernéticos foram direcionados a diversas autoridades públicas, em especial agentes responsáveis pela persecução penal, além de diversos outros indivíduos que possuem destaque social, bastando verificar as contas que tiveram conteúdo exportado. É reincidente, conforme comprova sua ficha criminal e possui outros registros penais”, adicionou.
O hacker já se encontrava sob custódia devido a outra investigação em andamento, que explora suspeitas de que ele teria recebido financiamento da deputada Carla Zambelli (PL-SP) para invadir sistemas eletrônicos do poder Judiciário. As múltiplas frentes de investigação evidenciam a complexidade e amplitude das ações perpetradas por Delgatti Neto.
A sentença também abrange outros envolvidos no caso, representando um passo importante para a conclusão desta fase da Operação Spoofing. De acordo com o juiz, Delgatti Neto chegou a propor a venda do material hackeado para a imprensa por R$ 200 mil, evidenciando uma possível motivação financeira por trás dos ataques.
Esta condenação marca um precedente significativo no contexto de crimes cibernéticos no Brasil, demonstrando a seriedade com que as autoridades encaram a invasão de sistemas e a exposição de informações sensíveis.