Lula lamenta morte de presidente do Irã

Quem foi Ebrahim Raisi, acusado de repressão brutal, expansão nuclear agressiva e aprofundamento da crise econômica

Ebrahim Raisi, presidente do Irã, sofreu um acidente de helicóptero no domingo, 19, perto de Jolfa, na fronteira com o Azerbaijão. Considerado um protegido do aiatolá Ali Khamenei e potencial sucessor na teocracia xiita do país, Raisi ocupa o segundo lugar na hierarquia política do Irã. Ele é conhecido por sua postura linha-dura e tem sido uma figura proeminente na política iraniana há bastante tempo. Aos 63 anos, Raisi foi eleito presidente do Irã em 2021.

Durante seu mandato, ele buscou expandir a influência regional do país, apoiando militantes no Oriente Médio e acelerando o programa nuclear iraniano, o que aumentou as tensões com Israel. Nesse período, o Irã enfrentou os maiores protestos contra o governo em décadas, além de uma grave recessão econômica causada por sanções internacionais e alta taxa de desemprego.

O presidente brasileiro Lula lamentou a morte de Ebrahim Raisi e do chanceler Houssein Amir Abdollahian, entre as nove vítimas do acidente. Em uma mensagem publicada nesta segunda-feira (20) no X, antigo Twitter, Lula expressou suas condolências aos familiares das vítimas e ao povo iraniano. Lula se reuniu com Raisi em agosto do ano passado em Joanesburgo, quando o Irã foi convidado a integrar o BRICS. O Irã é o maior parceiro comercial do Brasil no Oriente Médio, com importações que chegam a quase US$ 4,3 bilhões.

Em 2017, Raisi concorreu à presidência contra Hassan Rouhani, um clérigo moderado que presidiu o acordo nuclear de Teerã em 2015. Em 2021, ele concorreu novamente em uma eleição onde seus principais adversários foram desqualificados pelo sistema de verificação do país. Ele venceu com quase 62% dos votos, no menor comparecimento eleitoral da história da República Islâmica, com milhões de pessoas optando por não votar ou anular suas cédulas. Como presidente, Raisi apoiou o enriquecimento de urânio a níveis próximos aos de armas e restringiu a atuação de inspetores internacionais, em confronto com o Ocidente.

Ele também manifestou apoio aos serviços de segurança durante a repressão aos opositores, especialmente após a morte de Mahsa Amini em 2022 e os subsequentes protestos em todo o país. A repressão resultou na morte de mais de 500 pessoas e na detenção de mais de 22.000. Em março, um painel investigativo das Nações Unidas concluiu que o Irã era responsável pela violência que levou à morte de Amini após sua prisão por não usar o hijab, conforme exige a política ultraconservadora do país.


Na íntegra, a postagem do presidente Lula foi: “Com pesar soube da confirmação da morte do presidente iraniano Ebrahim Raisi e do seu chanceler, Hossein Amir Abdollahian e de todos os passageiros e tripulação, após a queda de seu helicóptero. Minhas condolências aos familiares de todas as vítimas, ao governo e ao povo iraniano.”

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