Mais de 700 funcionários da rede McDonald’s no Reino Unido aderiram a uma ação coletiva de assédio e discriminação contra o gigante do fast-food. Representados pelo escritório de advocacia Leigh Day, os trabalhadores relatam experiências envolvendo racismo, homofobia, discriminação contra deficientes e outras formas de assédio em mais de 450 restaurantes. A ação ocorre um ano e meio após uma investigação da BBC destacar denúncias alarmantes sobre a cultura interna da empresa.
A investigação revelou que o McDonald’s recebia, em média, uma ou duas queixas semanais de assédio sexual de seus empregados no Reino Unido, muitos deles jovens e adolescentes. Na época, o diretor-geral da empresa no país, Alistair Macrow, pediu desculpas publicamente, reconhecendo “falhas claras” na proteção dos funcionários. Nesta terça-feira (7), Macrow voltou a se posicionar, chamando as alegações de “abomináveis e inaceitáveis”, enquanto respondia a questionamentos de parlamentares britânicos sobre um projeto de lei para reformar as legislações trabalhistas.
Em resposta às denúncias, a empresa afirmou ter implementado um sistema confidencial on-line para que funcionários reportem casos de assédio. Além disso, 29 empregados foram demitidos no último ano por condutas inadequadas. Contudo, para muitas vítimas, as ações ainda não são suficientes. Um ex-funcionário relatou ter enfrentado comentários homofóbicos e sido desencorajado a denunciar por superiores, enquanto outro trabalhador foi obrigado a abandonar o emprego devido ao assédio relacionado a sua deficiência mental e física.
As acusações colocam o McDonald’s sob escrutínio público mais uma vez. Em 2019, o Sindicato dos Trabalhadores de Panificação e Alimentação (BFAWU) já havia denunciado mais de mil casos de assédio sexual dentro da rede. Apesar das medidas anunciadas, críticos questionam a eficácia das mudanças e a capacidade da empresa de promover um ambiente seguro para seus jovens trabalhadores.
O caso serve como alerta para a necessidade de maior vigilância e reforma das condições trabalhistas, especialmente em setores que empregam grande número de jovens e trabalhadores vulneráveis. O Farol Diário continuará acompanhando os desdobramentos dessa ação coletiva.