As eleições municipais de 2024 trouxeram à tona um problema alarmante: a interferência do crime organizado no processo eleitoral, afetando candidatos e eleitores em várias regiões do país. Em Santa Quitéria, Ceará, a ação de uma facção criminosa buscava manipular o resultado eleitoral, favorecendo candidatos alinhados aos seus interesses. A operação, que resultou na prisão de um suspeito vinculado ao Comando Vermelho, mostrou o envolvimento de forças de segurança e órgãos do Ministério Público para conter o avanço dessas organizações no pleito.
A influência das facções não se limitou ao Ceará. Relatos indicam que em estados como Rio de Janeiro e São Paulo, facções intimidaram candidatos e eleitores, impondo restrições em áreas controladas por criminosos e ameaçando aqueles que se opusessem a seus candidatos preferidos. Em Cabo Frio, trabalhadores de campanha foram impedidos de entrar em certos bairros, controlados por traficantes que declararam apoio a candidatos específicos. Em São Paulo, órgãos de inteligência indicaram suspeitas de ligações de candidatos eleitos com o crime organizado, apontando uma ameaça persistente à integridade política local.
Diante dessa situação, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Ministério Público adotaram medidas inéditas para combater a infiltração criminosa. Sob a coordenação da ministra Cármen Lúcia, o TSE implementou um núcleo especial com a Polícia Federal para monitorar e investigar possíveis candidaturas ligadas ao crime organizado. Essa ação visou garantir a segurança dos eleitores e a transparência do processo, aumentando a presença de juízes e promotores em regiões vulneráveis.
O relatório preliminar da Organização dos Estados Americanos (OEA), publicado após o primeiro turno, trouxe atenção internacional ao aumento da violência política no Brasil. Segundo o documento, facções criminosas ameaçaram candidatos e cooptaram eleitores, ampliando a necessidade de medidas urgentes para coibir a influência do crime organizado na política. Especialistas apontam para a necessidade de mecanismos mais rígidos de fiscalização e controle financeiro nas campanhas, visando impedir a entrada de fundos ilícitos e garantir a preservação do sistema democrático.
Em resposta, cientistas políticos e especialistas sugerem que o combate à infiltração criminosa na política deve se dar por meio de ações repressivas e preventivas. Isso inclui a aplicação de critérios rigorosos de reputação para candidatos e um sistema robusto de controle sobre o financiamento das campanhas, além da aplicação da Lei da Ficha Limpa. Esse cenário reforça a necessidade de reformas e de um sistema de fiscalização contínua, fundamental para assegurar eleições livres e preservar a democracia.
Agradecimentos a Gazeta do povo.
fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/eleicoes/2024/como-crime-organizado-agiu-para-tentar-interferir-nas-eleicoes/?ref=escolhas-do-editor