A vitória do empresário Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos, na madrugada desta quarta-feira (6), reverberou intensamente no Brasil, dividindo as reações entre apoiadores e críticos. Com 277 votos dos delegados contra 224 da opositora Kamala Harris, Trump superou as projeções, que indicavam uma disputa acirrada. Esse resultado foi recebido com entusiasmo por políticos de direita no Brasil, que já especulam um possível efeito dessa “onda conservadora” para 2026, com a volta de Jair Bolsonaro (PL) ao poder.
Por outro lado, a esquerda brasileira expressou grande preocupação com o futuro das relações entre os países e com a preservação dos direitos e valores democráticos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) surpreendeu ao adotar um tom pragmático, desejando “sorte e sucesso” a Trump, ainda que, na semana passada, tivesse alertado que a vitória do republicano poderia representar um “retrocesso para a democracia mundial”. Outros membros do governo, no entanto, foram mais incisivos: o ministro Paulo Teixeira e o deputado Rogério Correia (PT-MG) lamentaram que o país mais rico do mundo eleja alguém que, em sua visão, “nega a ciência” e representa uma ameaça ao meio ambiente e aos direitos humanos.
A derrota de Kamala Harris foi encarada como um mau sinal por outros parlamentares de esquerda, que reforçaram as críticas a Trump, mencionando as acusações de incitação à violência e os processos pendentes na Justiça americana, como lembrou a deputada federal Juliana Cardoso (PT-SP). “É essencial estar atento ao cenário internacional, pois estamos sempre em defesa dos direitos humanos e da democracia”, pontuou o senador Rogério Carvalho (PT-SE), enquanto a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR), advertiu para os reflexos da vitória de Trump no fortalecimento da direita brasileira.
Na mesma linha de moderação de Lula, o senador Jaques Wagner (PT-BA) e o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) destacaram a necessidade de diálogo entre os dois países e desejaram que o novo governo americano seja “norteado pelo respeito à democracia”. O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), ainda na tarde de terça-feira (5), já minimizava eventuais impactos da eleição de Trump sobre o governo Lula, reforçando a importância da independência nas relações diplomáticas.
A vitória de Trump, vista por muitos analistas como um fenômeno que transcende as fronteiras americanas, levanta novos questionamentos sobre o futuro político do Brasil e reacende o debate para 2026. Enquanto a direita brasileira vê espaço para o fortalecimento de uma nova onda conservadora, a esquerda alerta para a importância de manter-se vigilante na defesa dos valores democráticos, tema que promete marcar os próximos anos na política nacional e internacional.