O Hospital Naval Marcílio Dias, localizado no bairro Lins de Vasconcelos, Zona Norte do Rio de Janeiro, tem sido palco de intensas preocupações de segurança. A violência no entorno, agravada pela presença de facções criminosas no Complexo do Lins, onde estão localizadas 16 comunidades, impacta diretamente os militares, servidores e pacientes que frequentam a unidade.
Na última terça-feira (10), a capitão de Mar e Guerra Gisele Mendes de Souza e Mello, de 55 anos, foi atingida por um tiro na cabeça durante uma cerimônia no auditório da Escola de Saúde da Marinha, dentro do complexo hospitalar. O disparo, vindo de uma posição elevada, provocou sua morte no mesmo dia. Gisele, que ocupava o cargo de superintendente de saúde do hospital, era uma figura destacada na hierarquia militar.
Relatos de servidores e pacientes revelam um clima de constante tensão. Militares que fazem plantão na unidade relatam episódios frequentes de tiroteios e avistam olheiros em motocicletas circulando nas proximidades. Taxistas e motoristas de aplicativos evitam atender a região, dificultando ainda mais o acesso à unidade. Pacientes e familiares que acompanham tratamentos no hospital relatam a angústia de viver sob risco diário.
A Polícia Militar confirmou que uma operação estava em andamento na comunidade do Gambá, próximo ao hospital, no momento em que Gisele foi atingida. A ação tinha como objetivo combater o tráfico de drogas e roubo de veículos. A Marinha do Brasil, em nota, lamentou a perda da oficial e prestou condolências aos familiares.
A situação no entorno do Marcílio Dias reacende discussões sobre a viabilidade de manter um hospital militar em uma área tão conflagrada. Apesar de estudos prévios sobre a possibilidade de relocação, os altos custos inviabilizaram o projeto. Enquanto isso, a rotina da comunidade médica e dos moradores da região segue marcada pela insegurança e pelo temor de novas tragédias.
Essa questão continua sendo um alerta importante para a segurança pública do Rio de Janeiro e merece atenção urgente das autoridades, como destacou O Farol Diário em sua apuração.