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Crescimento otimista do governo esconde desaquecimento da economia

Apesar do discurso oficial de crescimento, equipe econômica já prevê ritmo mais lento para o PIB e inflação longe da meta

Apesar dos discursos otimistas do presidente Lula e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apontando para um crescimento do PIB acima de 2% — ou até 3% — em 2025, a realidade traçada internamente no governo é bem menos entusiasmada. A atividade econômica brasileira já dá sinais claros de desaceleração, e a previsão é que esse desaquecimento se intensifique nos próximos trimestres.

Enquanto o Banco Central mantém a taxa de juros em 14,25% ao ano para conter uma inflação persistente, o governo federal segue na contramão com medidas de estímulo ao consumo. Só neste ano, foram liberados R$ 12 bilhões do FGTS e iniciada uma nova modalidade de crédito consignado para trabalhadores do setor privado, que rapidamente colocou R$ 1,2 bilhão em circulação. Outras iniciativas estão no radar, como a ampliação do programa Minha Casa, Minha Vida.

Nos bastidores do Planalto, a lógica é clara: conter a queda da economia, mesmo que isso signifique manter os juros elevados por mais tempo. A expectativa de crescimento da atividade para este ano, segundo o próprio Banco Central, é de apenas 1,9%, com uma desaceleração ainda mais forte prevista para 2026, em pleno ano eleitoral.

Esse quadro é reforçado pelos números da indústria e do setor de serviços, ambos em queda há meses. Para compensar, o governo aposta em medidas como a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil mensais, tentativa de injetar R$ 26 bilhões na economia — uma aposta de curto prazo com possíveis custos fiscais no médio.

Apesar dos estímulos, o Banco Central projeta inflação de 5,1% neste ano — longe da meta de 3%, que só seria alcançada, nas estimativas atuais, em 2027. Com isso, a tentativa do governo Lula de sustentar o consumo pode acabar alimentando a própria insatisfação popular que tenta combater, especialmente com os alimentos puxando o custo de vida para cima.

Esse é o pano de fundo da narrativa oficial que será levada às urnas no próximo ano: uma economia “em movimento”, mesmo sob juros altos. A dúvida é se os eleitores irão comprar essa versão ou se a alta de preços e o freio do crescimento vão pesar mais na balança eleitoral, como aponta análise do Farol Diário.

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