Em Brasília, na tarde da segunda-feira (5/5), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu em sua residência o assessor Ricardo Pita, enviado do Departamento de Estado dos EUA com vínculos diretos ao governo Trump. A reunião teve tom político e estratégico, com destaque para o relato de “ameaças urgentes à democracia brasileira”, segundo declaração de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente.
A visita de Pita foi acompanhada por Flávio Bolsonaro (PL-RJ), senador e também filho de Jair Bolsonaro, que já havia se reunido com o assessor horas antes, no Senado. Ricardo Pita, nascido na Venezuela e naturalizado americano, tem histórico de atuação no gabinete do senador republicano Ted Cruz e entrou no Departamento de Estado durante a gestão Trump, atuando atualmente no Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental.
Segundo Eduardo Bolsonaro, a conversa abordou preocupações com a situação política interna brasileira e seus desdobramentos na América Latina, ressaltando possíveis impactos sobre os interesses dos Estados Unidos na região. Ainda conforme Eduardo, Pita demonstrou apoio a Bolsonaro e prometeu relatar as preocupações do ex-presidente em Washington, D.C.
A expectativa inicial era que Jair e Flávio Bolsonaro se encontrassem com David Gamble, chefe interino da Coordenação de Sanções do Departamento de Estado. No entanto, Gamble concentrou suas agendas em interlocuções com membros do governo Lula e com o senador Alessandro Vieira (MDB-SE), além de representantes dos ministérios da Justiça e Relações Exteriores.
A visita da delegação americana ao Brasil, segundo nota da embaixada dos EUA, tem como objetivo discutir temas relacionados a organizações criminosas transnacionais, sanções, combate ao tráfico de drogas e ao terrorismo. A comitiva inclui ainda um assessor sênior do Escritório de Coordenação de Sanções, além de Gamble e Pita.
A movimentação diplomática ocorre em meio a tensões crescentes entre o bolsonarismo e setores do Judiciário, especialmente o ministro Alexandre de Moraes, do STF. O Farol Diário acompanha os desdobramentos, que sinalizam novos capítulos na já complexa relação entre política interna e interesses geopolíticos.
